Recentemente, uma nova legislação foi aprovada no Brasil, alterando as regras para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Esta mudança, parte de um pacote de medidas para corte de gastos do governo, gerou discussões e questionamentos sobre sua constitucionalidade. A lei nº 15.077 de 2024 impõe requisitos mais rígidos para os beneficiários, incluindo a necessidade de manter o cadastro atualizado em um intervalo máximo de 24 meses.
O Supremo Tribunal Federal (STF) foi acionado para avaliar a constitucionalidade dessa legislação. A Associação Brasileira de Advogados (ABA) apresentou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), argumentando que a nova regra desconsidera as dificuldades enfrentadas por muitos cidadãos, como problemas de locomoção e acesso limitado à tecnologia. O ministro Kassio Nunes Marques, relator da ação, solicitou manifestações do governo federal, da Câmara dos Deputados e do Senado sobre o tema.
Quais são as mudanças propostas pela nova lei?
A lei nº 15.077 de 2024 introduz alterações significativas nas condições para a concessão do BPC. Uma das principais mudanças é a exigência de que os beneficiários mantenham seus cadastros atualizados a cada 24 meses. Essa medida visa garantir que apenas aqueles que realmente necessitam do benefício continuem a recebê-lo, mas tem gerado críticas devido às barreiras estruturais enfrentadas por muitos cidadãos.
Além disso, a nova legislação faz parte de um esforço mais amplo do governo para reduzir despesas públicas. No entanto, a implementação dessas regras mais rígidas levanta preocupações sobre o impacto social, especialmente para as populações mais vulneráveis que dependem do BPC para suas necessidades básicas.

Por que a constitucionalidade da lei está sendo questionada?
A ABA argumenta que a nova legislação pode ser inconstitucional por não considerar adequadamente as condições socioeconômicas de muitos brasileiros. A exigência de atualização cadastral frequente pode ser um obstáculo significativo para aqueles que vivem em áreas remotas ou que não têm acesso fácil à tecnologia. Além disso, a entidade destaca que a medida pode violar princípios de dignidade humana e igualdade, fundamentais na Constituição.
O questionamento da constitucionalidade da lei também se baseia na ideia de que as mudanças podem desproporcionalmente afetar os mais pobres, que são os principais beneficiários do BPC. O STF, ao analisar a ADI, terá que considerar esses argumentos e avaliar se a legislação está em conformidade com os direitos constitucionais dos cidadãos.
Qual é o papel do STF e das outras instituições envolvidas?
O Supremo Tribunal Federal desempenha um papel crucial na análise da constitucionalidade das leis no Brasil. No caso da lei nº 15.077 de 2024, o STF foi chamado a se pronunciar sobre a ADI apresentada pela ABA. O ministro Kassio Nunes Marques, relator do caso, solicitou que o governo federal, a Câmara dos Deputados e o Senado se manifestem sobre a questão, buscando uma visão abrangente antes de tomar uma decisão.
Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) também foram convidadas a apresentar suas opiniões. Essas instituições têm a responsabilidade de defender os interesses do Estado e da sociedade, garantindo que as leis sejam aplicadas de maneira justa e constitucional.
O que esperar do futuro das regras do BPC?
O desfecho da análise do STF sobre a constitucionalidade da nova legislação do BPC será determinante para o futuro das regras de concessão do benefício. Caso a lei seja considerada inconstitucional, o governo poderá ter que revisar suas estratégias de corte de gastos e buscar alternativas que não prejudiquem os mais vulneráveis.
Independentemente do resultado, o debate em torno da lei nº 15.077 de 2024 destaca a importância de se considerar as realidades sociais e econômicas ao formular políticas públicas. A decisão do STF será um marco importante na definição de como o Brasil equilibra a necessidade de controle fiscal com a proteção dos direitos sociais.